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Setor oferece até R$ 96 mil por mês — mas falta gente qualificada para preencher as vagas

 


Mesmo com salários que chegam a R$ 96 mil mensais, empresas de tecnologia enfrentam um paradoxo: não conseguem preencher todas as vagas disponíveis por falta de profissionais qualificados. O problema, que já preocupa recrutadores há anos, se agravou com a digitalização acelerada durante e após a pandemia e o avanço de áreas como inteligência artificial, cibersegurança e computação em nuvem.


Os cargos mais escassos — e melhor remunerados — estão ligados a funções altamente técnicas e estratégicas, como Chief Technology Officer (CTO), cientista de dados sênior, especialista em segurança da informação, engenheiro de IA e desenvolvedor full stack com expertise em plataformas específicas. Segundo consultorias de RH, como a Robert Half e a Michael Page, os salários para esses cargos podem começar em R$ 35 mil e ultrapassar os R$ 90 mil, dependendo da experiência, localização e demanda.


Alta remuneração não basta

Apesar das cifras impressionantes, o gargalo está na formação profissional. Dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) apontam que o Brasil forma cerca de 53 mil profissionais de TI por ano, número ainda insuficiente frente à demanda estimada de mais de 150 mil novas vagas anuais até 2025.


“As empresas estão dispostas a pagar salários muito acima da média, mas não encontram profissionais com os requisitos técnicos e fluência em inglês, algo que ainda é barreira para muitos candidatos”, explica Mariana Fernandes, gerente de recrutamento da Page Personnel. “Além disso, a atualização constante é essencial. O que era exigido em 2020 pode já estar obsoleto hoje.”


Disputa global por talentos

Outro fator que agrava a escassez é a competição com o mercado internacional. Muitos profissionais brasileiros altamente qualificados são contratados por empresas do exterior para atuar remotamente, recebendo em dólar ou euro — o que torna ainda mais difícil para empresas nacionais manterem talentos.


“Hoje é possível estar em São Paulo trabalhando para uma startup da Califórnia, ganhando o triplo do que se ganharia aqui. Isso impacta diretamente nossa capacidade de retenção”, afirma Eduardo Assis, CEO de uma fintech nacional. “A saída tem sido investir em formação interna e parcerias com universidades.”


Empresas buscam alternativas

Para tentar reduzir a escassez, grandes companhias têm apostado em programas de formação corporativa, bootcamps gratuitos e requalificação de profissionais de outras áreas. Startups e multinacionais também têm flexibilizado exigências, priorizando habilidades práticas e certificações específicas em vez de diplomas formais.


“Ainda vemos empresas que exigem 10 anos de experiência para cargos júnior, o que é inviável. Há uma mudança de mentalidade em curso: a valorização de competências reais, independentemente do tempo de atuação”, diz o especialista em carreira Lucas Ramos, da plataforma Gupy.


Oportunidade para quem quer migrar de carreira

A falta de profissionais qualificados abre portas para quem deseja mudar de área. Cursos técnicos, especializações online e plataformas de ensino como Alura, Udemy, Coursera e Senai têm sido caminho para muitos. Com dedicação de 1 a 2 anos, é possível migrar para uma área de alta demanda, como desenvolvimento, análise de dados ou segurança digital.


“É o setor mais democrático em termos de entrada. Não importa se a pessoa vem da engenharia, da enfermagem ou da administração — se ela se qualificar, tem grandes chances de conseguir uma vaga”, afirma Ramos.


Cenário promissor, mas desafiador

O futuro aponta para uma demanda ainda maior por especialistas em tecnologia, especialmente em áreas emergentes como inteligência artificial generativa, computação quântica e blockchain. No entanto, sem uma estratégia nacional de capacitação e valorização dos profissionais de TI, o Brasil corre o risco de perder espaço no cenário digital global.


Conclusão: Enquanto empresas oferecem salários que ultrapassam R$ 90 mil por mês, o país ainda enfrenta um déficit de talentos. Para quem busca recolocação ou crescimento profissional, o setor de tecnologia se mostra promissor — desde que haja investimento contínuo em capacitação e adaptação às novas exigências do mercado.


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